O setor de meios eletrônicos de pagamento segue em trajetória consistente de crescimento em 2025. De acordo com balanço da indústria divulgado pela Abecs, associação que representa o setor, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (8/5), o volume transacionado nos três primeiros meses do ano alcançou R$ 1,1 trilhão — um avanço de 9,3% em comparação ao mesmo período de 2024.
“O crescimento nos pagamentos com cartão no primeiro trimestre é consequência de um conjunto de fatores, entre eles a maior participação do setor em diversos segmentos do varejo e de serviços, somado a um crescimento orgânico”, afirmou Ricardo de Barros Vieira, vice-presidente executivo da Abecs, durante a coletiva de imprensa.
Na comparação entre as modalidades, o destaque foi o uso do cartão de crédito, que cresceu 13,5%, transacionando R$ 721,1 bilhões. O segundo maior volume no período foi o do cartão de débito, que movimentou R$ 240,3 bilhões, resultado que permaneceu praticamente estável (-0,4%). Já o cartão pré-pago somou R$ 93,5 bilhões, com crescimento de 5,7%.

No primeiro trimestre, o uso dos cartões chegou ao patamar de 11,4 bilhões de transações, resultado muito expressivo para a soma dos três primeiros meses do ano, o que representa um incremento total de 5,3% nos últimos 12 meses.
O cartão de crédito foi a modalidade mais usada, com 5,1 bilhões de transações (alta de 9,6%), seguido do cartão de débito, com 4 bilhões (alta de 0,2%), e do cartão pré-pago, com 2,3 bilhões (alta de 5,3%).
Gastos no exterior
Um dos destaques da utilização dos cartões no primeiro trimestre deste ano está nos gastos de brasileiros no exterior. O uso cross border continua sua jornada de crescimento, agora na casa de 1,1%, totalizando US$ 3,8 bilhões (R$ 22,2 bilhões). Já na outra ponta da balança, ou seja, os gastos com cartões de estrangeiros no Brasil, o crescimento foi de 14,1%, totalizando US$ 1,8 bilhão (R$ 10,5 bilhões).
Europa e EUA continuam sendo os destinos dos maiores valores transacionados: R$ 9,7 bilhões e R$ 8,7 bilhões, respectivamente. Na sequência vêm os países do continente americano (excluindo os EUA), com R$ 2,4 bilhões; a Ásia, com R$ 1,3 bilhão, Oceania, com R$ 279 milhões e África, com R$ 163,6 milhões.
Pagamentos por aproximação em alta
O pagamento por aproximação, com uso da tecnologia NFC (Near Field Communication), foi novamente destaque no primeiro trimestre do ano, com alta de 38,6%, movimentando R$ 423,1 bilhões.
Durante os três primeiros meses do ano, foram 6,5 bilhões (+26,5%) de pagamentos por aproximação realizados, o que significa 3 milhões de pagamentos com a modalidade por hora.
O pagamento por aproximação, de acordo com a Abecs, em março deste ano representou 69,6% do total de compras presenciais pagas com cartão. Como efeito de comparação, em igual período de 2021 (apenas 4 anos atrás), o montante era de 8%. Esses dados confirmam a opinião dos consumidores medida pela última pesquisa Abecs, encomendada ao DataFolha, que apontou que 71% dos brasileiros costumam pagar por aproximação, sendo que 88% daqueles que pagam dessa forma reforçam a comodidade e rapidez como principais benefícios.
“O avanço dos pagamentos por aproximação demonstra que o consumidor brasileiro é receptivo a soluções que tragam segurança, comodidade e boa usabilidade, como são as transações via NFC – um produto simples, seguro e fácil de usar”, frisa Ricardo.
Compras não presenciais
O uso dos meios eletrônicos de pagamento pela internet e outros canais remotos, como aplicativos e carteiras digitais, movimentou R$ 261,8 bilhões, com crescimento de 16,2% no período.
Tanto os cartões de crédito como os de débito tiveram um crescimento importante: 16,6% e 16%, respectivamente, sendo que a modalidade crédito movimentou R$ 253,6 bilhões nas compras não presenciais, enquanto o débito ficou com R$ 4,1 bilhões.
No entanto, é importante destacar que o crescimento do débito online (não presencial) nos últimos seis anos (1T19 x 1T25) foi de 543,3%, reforçando que essa modalidade vem ganhando espaço.
Compras parceladas
Assim como em outros levantamentos, o parcelamento é visto como um dos grandes benefícios nas compras com cartões. E o parcelado sem juros contempla 41,2% das compras totais com cartão de crédito. As compras à vista são 57,3% do total. E, como comportamento do consumidor, a maior parte das compras parceladas são em até 6 vezes (63,4%). Em seguida aparecem as compras de 7 a 12 parcelas, com 35%, e acima de 12 vezes, com apenas 1,6%.
Comércio e serviços em alta
No primeiro trimestre de 2025, o segmento do varejo que registrou maior crescimento em valor transacionado com cartões foi o de livrarias (+15,1%). Em segundo lugar aparece o setor de autopeças, com alta de 14,6%, seguido por roupas, sapatos e acessórios, com +13,5%. Alimentação ficou com +13,3%, e eletrônicos e eletrodomésticos com +12,7%.
Em relação aos setores de serviços, quem lidera o crescimento de valor transacionado com cartões são os pagamentos a profissionais liberais, com 37,8%, seguidos por serviços médicos (+20,6%), cuidados pessoais (+18,3%) e seguros (+18,2%).
Análise regional
Por fim, se levarmos em conta toda a utilização regional, o Sudeste continua como campeão: R$ 555,8 bilhões, um crescimento de 6,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A seguir vem o Sul, com R$ 150,7 bilhões (+14,5%), seguido pelo Nordeste, com R$ 133,3 bilhões (15,6%), Centro-Oeste, com R$ 80,8 bilhões (+13,2%) e Norte, com R$ 40,7 bilhões (+14,4%).
”Liderado pelo aumento robusto do valor transacionado no cartão de crédito, a fotografia regional mostra que a utilização dos meios eletrônicos de pagamento cresce de forma consistente em todas as regiões do País”, conclui Vieira.
Por Panorama