As compras online continuam conquistando os brasileiros. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), cerca de 10% de todo o varejo nacional já acontece na internet. Foram 50 milhões de consumidores só no primeiro semestre de 2023 (6% mais que no mesmo período do ano anterior), que movimentaram R$ 119 bilhões em compras online, de acordo com a especialista em comércio virtual NielsenIQ Ebit.
Cada um desses compradores tem suas ocasiões e motivos para optar pelo varejo online; o Webshoppers 48, mais recente levantamento da NielsenIQ Ebit, lista os mais citados: economia de tempo e comodidade de não sair de casa nem mesmo para fazer supermercado ou comprar remédios.
E se agilidade e praticidade são importantes na escolha da modalidade de compra, são, também, na hora de pagar. Os cartões têm papel preponderante quando se fala de uma transação rápida e conveniente – além de totalmente segura. “Em um mundo cada vez mais digital, é natural que métodos digitalizados, como o cartão, ganhem mais apelo”, diz Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos e Inovação da Visa do Brasil.
Cartão virtual: uma camada extra de segurança na web. O cartão virtual se destaca entre as soluções oferecidas pela indústria de meios eletrônicos de pagamento a fim de proteger os dados dos consumidores. O cartão virtual costuma ser de uso único ou limitado a um curto período de tempo e/ou a um e-commerce específico. Por isso, ao usá-lo em uma compra online, o consumidor evita compartilhar sua credencial “oficial”, tornando os dados usados para a transação sem utilidade para eventuais fraudadores.
Ao falar de suas preferências em pagamento na jornada de compra online, o estatístico Gustavo Thomazini, de 25 anos, conta que acha mais simples e seguro usar o cartão virtual. “Gero um cartão diferente para cada compra, sem o receio de precisar cancelar meu cartão em caso de problemas. Para uma compra online, o cartão é a primeira opção que me vem à mente. Além da segurança, ainda tenho a possibilidade de parcelar”, conta.
O TIC Domicílios, realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), confirma o favoritismo: segundo o levantamento, em 2022 o cartão de crédito foi a forma de pagamento usada por 73% dos entrevistados que compraram pela internet. A opção se confirmou para todas as classes sociais consideradas no estudo – A, B, C e DE.
Soberania do crédito
O dado do TIC Domicílios está em linha com o mais recente balanço realizado pela Abecs, associação que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamento, para compras remotas com cartões. A Abecs apontou alta de 13% nas transações online com cartões no terceiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período em 2022, e o crédito foi a modalidade preferida, com R$ 204,1 bilhões movimentados (+12,9%).
Para Alexandre Crivellaro, diretor de Inteligência de Mercado da ABComm, e Rodrigo Bandeira, vice-presidente da associação, a preferência dos consumidores pelo cartão de crédito se deve à possibilidade de parcelar a compra e ao acúmulo de pontos em programas de benefício, que se revertem em descontos, produtos, milhas aéreas ou cashback.
“A experiência de compra com o cartão já é simplificada por não exigir que o consumidor abra o aplicativo do banco a cada pagamento – além de gerar pontuação em programas de emissores e bandeiras”, acrescenta Maurício Fernandes, vice-presidente sênior de Instituições Financeiras da Mastercard Brasil. Essa possibilidade de converter o valor das compras em pontos nos programas de fidelidade está entre os atrativos que fazem do cartão o meio de pagamento preferido da tradutora Maria Cláudia Paroni, de 58 anos.
“Os cartões são minha primeira opção de pagamento sempre que faço compras online. Acumulo pontos em programas de fidelidade, que posso trocar por milhas aéreas, e garanto uma compra segura criando um cartão virtual específico para aquela transação. Se vir alguma movimentação suspeita no meu cartão, entro no aplicativo e cancelo o cartão virtual na hora”, conta a tradutora Maria Cláudia Paroni.
Quem também confirma a preferência é a Amazon Brasil: segundo Leandro Santos, líder de Pagamentos na empresa, as transações com cartão de crédito são maioria na plataforma. “A conveniência de concentrar os gastos em uma ferramenta, podendo consultá-los a qualquer momento na fatura, impulsiona a opção pelo cartão.”
No que diz respeito à segurança, a ABComm destaca a confiança do consumidor no processo de chargeback. Amaral, da Visa, fala sobre o recurso: “Ao realizar uma compra, o portador sabe que pode contar com tecnologias sólidas e políticas claras desenvolvidas pela indústria de meios eletrônicos de pagamento que o protegerão até mesmo na incidência de uma fraude ou na necessidade da contestação para casos de desacordos ou compras não reconhecidas”.
Contestação garantida. O cartão é o único instrumento de pagamento que dá ao consumidor a garantia do chargeback. “Em casos de fraude ou não entrega do produto ou serviço, com o cartão o consumidor tem o respaldo dos padrões de segurança das bandeiras e a possibilidade de abrir uma disputa por chargeback”, diz Maurício Fernandes, da Mastercard
E como a transação precisa ser segura também para o varejista (igualmente alvo de tentativas de golpes, inclusive de engenharia social), a proteção do ecossistema de cartões se estende aos estabelecimentos. Tokenização, ferramentas antifraude, monitoramento de transações em tempo real e o protocolo de segurança 3DS são alguns dos diversos recursos empregados para proporcionar um ambiente transacional sólido e seguro, com boa experiência para quem navega e maiores chances de conversão de vendas.
Relevância do débito no comércio online
Para abarcar diferentes hábitos de consumo e viabilizar o acesso de todas as faixas de renda à economia digital, o cartão de débito vem conquistando cada vez mais espaço na esfera online, em especial junto a aplicativos de entrega e serviços.
Uma das iniciativas da indústria de cartões para impulsionar a modalidade é o débito online, que padronizou a jornada de uso do débito, tornando-a mais atrativa para o consumidor. “O débito online deve expandir a experiência de fazer compras remotas com o débito, o que abarca mais consumidores, impulsiona as vendas dos lojistas e disponibiliza mais uma opção de pagamento padronizada, ágil e segura”, diz Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil e líder do grupo de trabalho sobre o débito online na Abecs.
Crescimento acima da média para o débito online. Dados da Abecs do terceiro trimestre de 2023 apontam que, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o uso do débito em compras online cresceu 40%, movimentando R$ 3,8 bilhões. Se comparado ao terceiro trimestre de 2019, antes da pandemia, o crescimento é ainda mais expressivo, de 393,7%.
O Click to Pay é outra iniciativa do setor de cartões que impulsiona o uso do débito no ambiente virtual. A solução assegura a confiabilidade da transação com cartão, ao mesmo tempo que torna mais fluida a jornada de compra do consumidor, já que é baseada em um banco de dados centralizado, que elimina o processo de cadastro de dados pessoais e de pagamento a cada novo site acessado.
Para Crivellaro e Bandeira, da ABComm, as soluções promovidas pelo setor de cartões têm potencial para tornar o uso do débito em compras online mais expressivo, indo além dos pagamentos cotidianos – como um transporte por aplicativo – e chegando às compras de valor mais alto, em portais de e-commerce. “Impulsionada pela tecnologia, a jornada de compra com o débito está mais ágil, expandindo a esse instrumento a facilidade que o consumidor já conhece com o crédito”, concluem eles.
“Para quem vende, o benefício é oferecer a melhor experiência ao consumidor de forma segura. Quanto menor a fricção, menores são as quebras no funil de vendas do estabelecimento comercial, e maior é sua conversão de carrinho de compras. Além disso, as tecnologias de tokenização e autenticação do ecossistema de cartões são importantes para aumentar as taxas de aprovação de transações e reduzir os níveis de fraude, contribuindo de forma importante na venda e no faturamento”, afirma Maurício Fernandes, da Mastercard.
Viabilizador do comércio online
Mesmo com a proliferação dos meios de pagamento digitais, os cartões seguem bem posicionados na preferência do consumidor. Mas, no passado, essa relação foi ainda mais estreita: as transações online só começaram a ser possíveis por conta dos cartões, que extrapolaram seu formato físico e passaram a processar, também, pagamentos remotos com cada vez mais agilidade, viabilizando, assim, as compras virtuais.
Ricardo Vieira, vice-presidente executivo da Abecs, explica a relação: “Para se estabelecer, o e-commerce contou com soluções financeiras tecnológicas que garantissem pagamentos processados de forma rápida e, principalmente, confiável. Como os cartões contam com essas conveniências, eles foram rapidamente incorporados ao checkout de praticamente todas as lojas online. E assim continuam, com clara preferência dos consumidores por esse instrumento de pagamento”.
E se as compras virtuais dependeram das credenciais de pagamento para se tornarem viáveis, o mesmo vale para a economia compartilhada. Da chegada do Uber ao Brasil, em 2014, até o boom de entregas de comida durante a pandemia, a economia de aplicativos está intrinsecamente ligada a uma transação de pagamento “invisível”, pouco ou nada dependente de uma ação do consumidor: ele cadastra sua credencial de pagamento no aplicativo e a cobrança ocorre a cada vez que usa o serviço, de maneira automática.
“Os cartões têm papel fundamental na viabilização de serviços online, como streaming, aplicativos de transporte e muitos outros modelos de negócios digitais. À medida que a economia digital evolui, a sua importância como meio de pagamento seguirá crescendo”, Leandro Santos, líder de Pagamentos na Amazon Brasil
Por Panorama