Garantir a segurança das transações é uma premissa dos meios eletrônicos de pagamento. No ambiente online, onde o uso dos cartões cresce ano a ano, a busca por confiabilidade tem a tokenização das credenciais de pagamento como uma das mais importantes ferramentas. A tecnologia substitui informações sensíveis do cartão por um ou mais tokens vinculados a usos específicos – assim, o que circula ao longo da cadeia de pagamento são dados “fictícios”, de uso único para uma transação, e, portanto, sem valor para os fraudadores.
Soluções importantes dessa indústria, como o Click to Pay, são baseados em tokenização, mas o alcance dessa proteção pode ser ainda maior com uma adoção mais massiva da tecnologia pelo comércio virtual. O papel do lojista como token requestor, isto é, quem faz o pedido de credenciais tokenizadas, foi debatido no webinário “Tokenização: como expandir negócios com segurança em um mundo cada vez mais digitalizado”, realizado ontem (27/março) pela Abecs.
O evento recebeu especialistas em pagamentos digitais e prevenção a fraudes de diferentes instituições que compõem o ecossistema de pagamentos: Enildo Araujo, analista sênior de Prevenção a Fraude do C6 Bank; Fernanda Curti, head de Fraude e Chargeback da dLocal; Felipe Dias, product manager Latam em Pagamentos Online da Adyen; Fernando Santana, coordenador de Produtos do Mercado Pago; e Juliano Manrique, head de Soluções em Pagamentos Digitais da Elo, que moderou a conversa.
Principais benefícios da tokenização
Ao apresentar casos de uso de tokenização no varejo eletrônico, os especialistas observaram, além de ganhos em segurança, melhora expressiva em outro índice: a autorização de transações.
Manrique, da Elo, explicou que a manutenção do token mesmo quando o cartão físico precisa ser substituído é um dos motivos para tal. Segundo ele, “quando as credenciais de um cartão são tokenizadas, mesmo que o portador precise substituir o plástico, a alteração em nada afeta a cadeia; o cliente permanece ativo no estabelecimento que tem seu token cadastrado”. É a chamada melhoria no ciclo de vida do cartão.
“A tokenização se provou uma ferramenta essencial entre a gama de soluções que oferecemos aos comércios para aperfeiçoar a taxa de aprovação, no Brasil e em países mais maduros”, disse Curti, da dLocal. A especialista apresentou ganhos em conversão para clientes que operam com transações tokenizadas nos segmentos de gaming, streaming e varejo, demonstrando como, no mercado de recorrência, contar com um token cadastrado não só contribui com a aprovação como aprimora a experiência do cliente, que não precisa atualizar os dados do cartão em suas plataformas de streaming, nem corre o risco de ter seu serviço interrompido pela troca do cartão físico.
A melhora de performance e a queda nas taxas de fraude também foram destacadas por Dias, da Adyen, que apresentou dados de aumento na taxa de autorização de estabelecimentos que contam com a solução de tokenização de sua instituição financeira, otimizada via machine learning.
“A tokenização vai ao encontro do momento atual, em que os meios eletrônicos de pagamento se propõem a tornar o ecossistema ainda mais seguro e controlado. É uma tecnologia forte, com benefícios tangíveis, e apostamos em sua expansão, trabalhando para facilitar a adesão de novos lojistas à tecnologia, com integrações cada vez mais simples”, diz Felipe Dias, product manager Latam em Pagamentos Online da Adyen
Para adotar a solução em seu comércio – ou seja, para ser um token requestor –, o lojista pode contratar instituições que atuam como intermediadoras na tokenização das credenciais dos clientes, como processadoras de pagamento ou credenciadoras. E, aqui, o sistema de push provisioning entra como uma oportunidade na expansão da adoção da tecnologia: no modelo, os emissores gerenciam o fornecimento de tokens, que podem ser provisionados ao comércio ou até mesmo diretamente ao portador, em carteiras digitais e dispositivos móveis.
Amadurecimento do mercado
Enildo Araujo trouxe ao debate a perspectiva do C6 Bank, que observou um número de fraudes até três vezes menor quando comparado às transações realizadas com o cartão (PAN). “Com a tokenização, o cliente desfruta de uma experiência digital mais segura e prática; e nada melhor do que um cliente feliz, seguro e satisfeito com o produto”, afirmou.
Para ele, os ganhos observados com a tecnologia são fruto de um amadurecimento de mercado, somado à experiência de implementação de regras específicas na prevenção e autorização de transações com tokens, que impactam a experiência do portador.
Santana, do Mercado Pago, acrescentou que, em sua instituição, os resultados positivos têm aumentado conforme se estreita o diálogo com emissores, bandeiras e adquirentes para aperfeiçoar a solução como indústria. Ele ressaltou o quanto essa aproximação é importante para taxas de aprovação e conversão cada vez melhores.
“Em um cenário cada vez mais digitalizado, a tokenização redefiniu conceitos de segurança, eficiência e conveniência”, concluiu Santana.
Por Panorama