Os cartões desempenham papel importante na vida de milhões de brasileiros. De meio de pagamento a agente de inclusão financeira, os cartões tiveram seu uso disseminado de forma significativa nos últimos anos, aperfeiçoando a maneira como as pessoas organizam suas finanças e acessam o mercado de consumo.
Para entender como os meios eletrônicos de pagamento se integram à sociedade brasileira, promovem bancarização, impulsionam a economia e abrem caminho para pagamentos cada vez mais rápidos, seguros e convenientes, Panorama Abecs conversou com lideranças de algumas das maiores empresas do ecossistema de cartões no Brasil, muitos deles membros do Conselho da Abecs, associação que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamento.
O resultado dessas entrevistas é o minidocumentário O Cartão e o seu papel na sociedade brasileira, que aborda importantes diferenciais do produto cartão, além de sua atuação na economia nacional nestes cerca de 70 anos de uso do instrumento no Brasil. Confira a seguir os principais assuntos debatidos na reportagem audiovisual.
“O cartão vai muito além de ser um meio de pagamento; ele é um grande instrumento de gestão dos recursos das famílias. O seu papel na sociedade em geral, não só na brasileira, é trazer conveniência, segurança e rapidez para as transações do dia a dia, mas também, e principalmente, o de inclusão ao consumo”, afirma Giancarlo Greco, CEO da Elo e presidente da Abecs
O papel do cartão na inclusão financeira e na bancarização
Em um país de proporções continentais e com histórico de desigualdade no acesso ao sistema financeiro, “o cartão de crédito é o maior instrumento de bancarização’’. A afirmação de Ricardo de Barros Vieira, vice-presidente executivo da Abecs, reflete a crescente penetração dos meios eletrônicos de pagamento entre a população.
Além de facilitar as transações financeiras cotidianas, “por serem extremamente eficientes e seguros, os cartões se tornaram disponíveis para camadas da sociedade que até então não estavam inseridas no mercado de crédito”, frisa André David Marques, diretor de cartões do Bradesco. Hoje, o cartão de crédito é visto como uma porta de entrada para diversas oportunidades financeiras, tanto pelo acesso ao crédito como por ferramentas de facilitação à aquisição de bens e serviços, como o parcelamento.
Meios eletrônicos de pagamento: o motor da economia
Os cartões no Brasil são vitais não apenas para a inclusão financeira, mas também na formalização da economia e viabilização ao consumo. Com a digitalização da economia, as contas digitais – e a emissão de cartões de débito e crédito vinculadas a elas – contribuíram para a marca atual de cerca de 80% da população inseridas no sistema financeiro formal, como aponta Rubens Fogli, diretor de Cartões e Pagamentos do Itaú.
O volume transacionado com cartões no Brasil deve fechar 2024 em aproximadamente R$ 4 trilhões, valor que evidencia o impacto dos meios eletrônicos de pagamento no financiamento do consumo de bens e serviços.
Como destaca Nuno Lopes Alves, country manager da Visa no Brasil, “75% da população usa cartões de forma habitual, no mundo físico ou online”. Esse volume de transações movimenta a economia e gera benefícios como segurança, transparência e redução de custos para consumidores e empreendedores.
Ferramenta de planejamento financeiro
O cartão permite que o consumidor centralize despesas em um único instrumento, o que, além de lhe proporcionar prazo de pagamento, facilita o controle sobre os gastos e proporciona uma visão clara das finanças pessoais. Raul Moreira, presidente do conselho de administração do Banco Original, destaca que “o acompanhamento desses gastos, inclusive em categorias de consumo, proporciona uma gestão do orçamento mais eficiente”.
O parcelamento, outro atributo importante dos cartões, é mais uma ferramenta de auxílio na gestão financeira das famílias, uma vez que possibilita que o consumidor planeje e realize compras de mais alto valor, que de outra forma seriam inacessíveis. Essa flexibilidade no pagamento é um dos maiores atrativos do cartão de crédito, na visão dos especialistas do setor.
Programas de benefício
Os programas de fidelidade são mais um diferencial dos cartões frente a outros instrumentos de pagamento. É por meio desse mecanismo que os cartões retornam parte do valor gasto ao consumidor, na forma de descontos, acúmulo de milhas ou cashback.
Com mais tecnologia aplicada, como a inteligência artificial, os programas de benefício têm se especializado e, assim, se tornado cada vez mais assertivo na oferta de valor aos portadores, independentemente da faixa de renda e de seu padrão de gasto. Ou, nas palavras de André Marques, do Bradesco, “esses programas fazem dos cartões um instrumento de fidelização e de retorno ao cliente, com benefícios tangíveis para cada perfil de consumo”.
A evolução dos mecanismos de segurança dos cartões
A segurança é um aspecto fundamental nas transações com meios eletrônicos de pagamento. De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, a evolução tecnológica desempenhou papel importante na redução de fraudes nas compras presenciais com cartão (a inserção de chips nos cartões é tida como um marco no setor) e agora faz o mesmo com as transações virtuais.
No ambiente online, diversos avanços contribuem para a autenticação do portador e, assim, para uma autorização de compra ágil e segura. A biometria comportamental, que analisa inúmeros dados de consumo e de uso do device pelo portador, e a tokenização, que substitui informações sensíveis por dados temporários, de uso único, são exemplos de tecnologias que minimizam o risco de fraude em uma transação com cartão não presente.
Outro mecanismo exclusivo de proteção dos cartões é o chargeback. Ele garante ao consumidor a possibilidade de contestar cobranças indevidas ou transações fraudulentas e, ainda, protege o portador em caso de desacordo comercial. Assim, o chargeback proporciona mais solidez e legitimidade para o comércio eletrônico e para o ecossistema de cartões como um todo.
Inovação e futuro dos cartões no Brasil
A indústria brasileira de cartões está bastante mais avançada que a de diversos outros países, não só em termos de tecnologia e inovação como em relação à capilaridade de aceitação e à penetração no consumo privado.
Os pagamentos por aproximação são um exemplo de como a experiência do consumidor pode seguir evoluindo rumo a transações cada vez mais integradas ao dia a dia do consumidor, esteja ele em uma loja, no pedágio ou no transporte público, usando o plástico ou a carteira digital instalada em seu celular ou em qualquer outro dispositivo.
“E os pagamentos por aproximação continuam em evolução. Com o processador que transmite o sinal de NFC, o terminal que captura esse sinal e a transmissão de tokens, que garantem a segurança da transação, o céu é o limite. As formas como o pagamento se dará dependerão unicamente de onde o consumidor se encontra, para que seja a forma mais conveniente para ele”, afirma Carlos Alves, vice-presidente de Negócios e Tecnologia da Cielo.
“O pagamento por aproximação foi uma grande transformação dos últimos anos. Para o próximo ciclo, apostamos no Click to Pay, que traz para as compras online a mesma conveniência e segurança que o NFC trouxe às transações presenciais. O projeto-piloto do Click to Pay lançado no Brasil em 2024 já está rodando com muito sucesso”, diz Marcelo Tangioni, presidente da Mastercard Brasil
Com toda a evolução tecnológica e comportamental, o plástico, enquanto elemento físico, deixa de ser a forma única em que o cartão está inserido no cotidiano dos consumidores. “Cada vez mais pensamos em credencial de pagamento: onde essa credencial de pagamento estará? Em um telefone celular, em uma carteira digital? Essa é uma evolução que traz conveniência ao consumidor e a possibilidade de termos cada vez mais pagamentos invisíveis. É para esse futuro que estamos evoluindo – e evoluindo rápido”, afirma Rogério Panca, diretor de Cartões e Pagamentos digitais no Santander.
Por Panorama