Transações com cartões corporativos apresentaram um crescimento expressivo em 2022, presumivelmente impulsionado pela aceleração na abertura de cadastros de Microempreendedores Individuais (MEIs).
De acordo com a Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, os gastos com cartões de pessoa jurídica foram, somando débito e crédito, de R$ 240,2 bilhões no ano, uma alta de 30% em comparação com 2021.
“O aumento no valor transacionado com cartões de pessoa física em 2022 foi de 24,2%, o que torna o incremento no segmento PJ ainda mais importante”, destaca Rogério Panca, presidente da entidade.
MEIs impulsionam aumento
A aceleração no surgimento de novos negócios é um fator determinante para a alta no uso do cartão corporativo, observou a superintendente executiva do segmento de empresas no Santander Brasil, Patricia Rubio Quintas. Entre os novos empreendimentos, os MEIs se destacam, com 2,9 milhões dos 3,8 milhões de cadastros de empresa realizados em 2022. Os dados são do boletim Mapa de Empresas, do Governo Federal.
“Os pequenos e médios empreendedores estão aprendendo a separar os gastos pessoais dos profissionais, reservando o cartão da empresa para as necessidades dela. À medida em que esse uso segmentado se intensifica, os gastos com cartões corporativos passam a ser mais expressivos”, complementa a superintendente do Santander.
A relação entre o aumento nos gastos dos cartões para pessoa jurídica e o avanço na criação de pequenos negócios no País também foi observada pelo Banco do Brasil. Em nota, a instituição afirmou que, “pela característica do mercado, os cartões destinados aos segmentos de Empreendedores Individuais e de Micro e Pequenas Empresas representam a maior fatia na quantidade de cartões emitidos por nós para pessoa jurídica”.
Rastreabilidade e controle de caixa
De acordo com a gerente de produtos da Visa do Brasil, Juliana Amoroso, os gastos no cartão corporativo variam a depender do porte do empreendimento.
Grandes companhias concedem cartões de crédito aos funcionários para o custeio de transporte, hospedagem, entre outras necessidades práticas. Assim, eles fazem transações de forma simples e a empresa tem total controle dos locais e valores gastos. Já negócios menores, muitas vezes gerido por uma ou duas pessoas apenas, costumam concentrar suas compras presenciais principalmente no varejo e, em transações online, em serviços de mídia paga em sites de busca e redes sociais.
“Para todas essas demandas, o cartão de crédito é a principal escolha. Especialmente no caso do pequeno empreendedor, a ferramenta contribui com o fluxo de caixa para ajudá-lo no dia a dia e, como há um intervalo até o pagamento da fatura, ele ganha mais fôlego para gerir seu negócio”, afirma a especialista.
Iniciativas diversas atraem o empreendedor
Dado que as necessidades das grandes empresas diferem do que um pequeno empreendedor deseja encontrar em um cartão, emissores costumam oferecer produtos variados para pessoa jurídica.
“Os benefícios do cartão corporativo para as companhias estão muito pautados na conciliação dos gastos dos funcionários, rastreando e organizando tudo em um sistema claro e objetivo. Por outro lado, os produtos para pequenas e médias empresas agregam facilidades semelhantes às que atraem a pessoa física, como programas de milhagem, acúmulo de pontos que podem ser trocados por descontos, produtos e serviços, e isenção de taxas, como a anuidade do cartão”, ressalta Patricia, do Santander.
Denia Micheli Cordeiro da Silveira, de Itumbiara, Goiás, é MEI e usa o cartão de crédito corporativo com os gastos de sua loja de artigos de cama, mesa e banho, reservando o cartão pessoal para despesas particulares e lazer. “Para os gastos fixos e variáveis da empresa, apesar de ter o cartão de débito, prefiro a modalidade crédito em 99% das transações, por segurança e pelos benefícios ofertados pelo meu emissor.” Entre os principais, a empreendedora lista o programa de milhas, descontos nas taxas das maquininhas de cartão e a isenção da mensalidade de tags para passagem automática em pedágios e estacionamentos.
Por Panorama