O protocolo de autenticação 3DS 2.0 no e-commerce brasileiro foi tema de um webinário promovido pela Abecs, associação que representa a indústria de meios eletrônicos de pagamento, na última quinta-feira (29/9). O evento “Maior conversão de vendas no comércio online: a evolução do padrão de segurança 3DS 2.0” recebeu representantes de empresas do setor para compartilhar experiências sobre a aplicação do protocolo às transações e os resultados positivos que eles observaram após dois anos de implementação no Brasil.
O 3DS 2.0 é um padrão de segurança que reduz fraudes e facilita a aprovação de compras online, pois faz uma análise em tempo real de mais de 100 dados enviados pelo e-commerce ao emissor do cartão. Esse conjunto de informações, que contempla dados do cartão, da transação e do cliente, incluindo geolocalização, por exemplo, permite ao emissor autenticar a compra de maneira “silenciosa”, ou seja, sem que o consumidor precise realizar alguma ação para confirmar sua identidade.
Caso os dados da transação não sejam suficientes e gerem algum tipo de dúvida ao emissor sobre a identidade do cliente, o 3DS 2.0 inclui uma etapa adicional de verificação, chamada de “desafio”. Quando ela é necessária, o emissor pode solicitar que o cliente digite um código enviado por SMS, aplicativo do banco ou obtido por meio de um token de segurança, por exemplo. A validação também pode ocorrer com uso de biometria, como reconhecimento facial e leitura da digital, entre outras. Esse processo ocorre sem que o comprador precise sair da página de checkout da loja.
De acordo com a moderadora do evento, Victoria Sampaio, gerente de produtos na Mastercard Brasil, o 3DS 2.0 está se consolidando rapidamente no e-commerce brasileiro e, nos meses de fevereiro a agosto de 2022, as taxas de aprovação de transação com autenticação foram superiores às não autenticadas (86% contra 80%). O número de autenticações silenciosas também se destacou no período, principalmente entre os meses de julho e agosto, quando grandes emissores do país investiram na autenticação de compras, o que resultou em um crescimento de 27%.
Também participaram da conversa Alexinaldo dos Reis, assessor sênior no Banco do Brasil, Clarisse Colwell, head de pagamentos LATAM na Microsoft, Felipe Dias, gerente de produtos digitais na Adyen Brasil, e Leidiane Lima, especialista em finanças corporativas e estratégia no Sebrae em São Paulo. Os convidados comentaram, dentro de suas áreas de atuação, como o uso do 3DS 2.0 tem contribuído para o aumento da segurança e do índice de aprovação de vendas com cartões.
Crescem as vendas sem “atrito”
Compartilhando a perspectiva do comércio sobre o tema, Leidiane Lima, do Sebrae, citou os principais benefícios que as empresas do varejo podem obter ao investir na autenticação das vendas, como aumento da taxa de conversão, melhora da imagem da empresa perante o consumidor, fidelização dos clientes e aperfeiçoamento da experiência do usuário no site. De acordo com ela, quando o cliente não se sente seguro e percebe que pode estar sendo fraudado enquanto navega no e-commerce, “a chance de ele retornar é muito pequena e a possibilidade de ele falar mal da empresa para outras pessoas é muito maior”.
Felipe Dias, da Adyen, comentou resultados de clientes da adquirente na autenticação de transações com cartões de crédito e débito nos meses de junho, julho e agosto de 2022. A taxa de autorização média comparando transações com e sem 3DS 2.0 foi maior no primeiro caso, nas vendas tanto no crédito (+4%) quanto no débito (+7%). “É um produto que vem sendo atualizado e que vai ficando cada vez mais amigável na jornada do usuário”, afirmou.
A partir de experiências com pagamentos na Microsoft, Clarisse Cowell compartilhou experiências de parcerias com diferentes bancos nas transações com 3DS 2.0. De modo geral, a taxa média de aprovação nas vendas autenticadas da empresa no Brasil foi de 83,4%, superior à das transações não autenticadas, de 63,4%. Cowell também comentou os esforços da Microsoft com a Abecs em projetos de parceria para “melhorar a performance e o volume de outros emissores” da indústria de meios eletrônicos de pagamento.
Alexinaldo dos Reis, do Banco do Brasil, comentou a implantação do protocolo do ponto de vista de um emissor e os resultados que o banco alcançou com as transações autenticadas com e sem a etapa de “desafio” nos meses de maio a setembro de 2022. Nesse período, enquanto as transações com desafios diminuíram, o volume de vendas sem “atrito” aumentou. Alexinaldo afirmou que “os bancos têm interesse em que as transações sejam feitas sem fricções”. Quando a compra flui, o cliente se sente seguro e, consequentemente, os comércios observam uma melhor taxa de conversão.
A iniciativa do webinário vem do Grupo de Trabalho em 3DS 2.0 da Abecs, que se dedica à discussão e ao fomento do tema. Quanto ao desenvolvimento das empresas que integram o grupo, Victoria Sampaio, da Mastercard, comentou que “a grande maioria dos emissores está pronta para o protocolo” e pode oferecer suporte aos comerciantes que se interessarem.
Por Panorama