O hábito de fazer compras online com cartões continua se fortalecendo na rotina do brasileiro mesmo com o fim do isolamento social, que marcou o combate à pandemia de Covid-19.
No primeiro semestre de 2022, a campanha de vacinação contra a Covid-19 já havia avançado e as medidas de isolamento diminuíram. Contudo, o volume de transações remotas com cartões de crédito, débito e pré-pagos totalizou R$ 338,5 bilhões, ou seja, cresceu 32,7% em comparação ao primeiro semestre de 2021, um dos momentos mais críticos que o País enfrentou com a pandemia, em que as compras remotas nos cartões movimentaram um total de R$ 255,1 bilhões. Os dados são da Abecs, associação que representa as empresas do setor de meios eletrônicos de pagamento.
Digitalização da economia e hábitos de consumo
O avanço das compras online em um contexto em que as pessoas não precisam mais ficar em casa é reflexo da digitalização da economia.
Na atualidade, presencialmente ou digitalmente, as pessoas preferem fazer transações com o cartão a usar dinheiro em espécie ou outras formas de pagamento para comprar. Esse comportamento é resultado dos esforços que a indústria de meios eletrônicos de pagamento vem fazendo para facilitar os processos de compra desde muito antes de a pandemia se agravar.
Nos meses em que a doença avançou com mais força no Brasil, o volume de transações remotas ganhou mais fôlego. Assim, quem ainda não havia aderido aos pagamentos online com cartões, mesmo com conexão à internet, precisou se adaptar às compras remotas até mesmo para adquirir os itens mais básicos do dia a dia.
Em 2022, no entanto, quando a população começou a se sentir mais confortável para retornar às atividades presenciais, as compras remotas se confirmaram como uma tendência em crescimento no Brasil. Ou seja, mesmo podendo comprar presencialmente, o volume de transações não-presenciais continuou crescendo.
Em sua participação no podcast Panorama Talks, Rogério Panca, presidente da Abecs, afirmou que, enquanto o crescimento do volume transacionado com cartões de forma remota em 2020 e 2021 teve influência das restrições de mobilidade por causa da pandemia, o forte crescimento das transações não presenciais indica que “essa maneira de fazer compras veio para ficar porque o consumidor se apropriou dessa facilidade sabendo que é uma compra segura, com uma credencial de pagamento que dá tranquilidade”.
Mais segurança e usabilidade
O fortalecimento do hábito de comprar – e pagar – pela internet passa por um grande esforço das empresas do setor de cartões para aperfeiçoar os processos e a experiência do pagamento online. Soluções como o uso de tokens e o protocolo de autenticação 3DS 2.0 são exemplos de inovações que, embora “invisíveis” aos olhos do consumidor, tornam as transações no e-commerce mais seguras e fluidas.
Com a tokenização, os dados do cartão não ficam armazenados em dispositivos, carteiras digitais, aplicativos e e-commerce, entre outros – eles são substituídos por números exclusivos (tokens), que funcionam como credenciais digitais de pagamento. “Isso aumenta a segurança, pois evita o comprometimento dos dados do cartão. Além disso, essa credencial é atualizada automaticamente quando o cliente precisa trocar seu cartão por algum motivo”, afirmou Leandro Garcia, diretor de soluções da Visa do Brasil, em evento realizado recentemente sobre o tema.
No caso do 3DS 2.0, o pagamento online passa a ser autenticado pelo emissor do cartão de maneira “silenciosa”, após uma análise em tempo real de mais de 100 dados sobre a transação. O consumidor só é acionado em alguns casos, quando há necessidade de complementar esse conjunto de informações com alguma ação do cliente para confirmar sua identidade. “Combinar tokenização e o protocolo de autenticação 3DS 2.0 nos permite oferecer um sistema de pagamentos muito mais seguro ao usuário e ao próprio e-commerce”, disse Victoria Sampaio, gerente de produtos na Mastercard Brasil, que moderou debate realizado na última semana sobre o protocolo de segurança.
Novos hábitos de consumo e o investimento contínuo em tecnologia e inovação, combinado com o uso e a análise de dados, tendem a tornar as compras online cada vez mais comuns e presentes no dia a dia do brasileiro.
Por Panorama