Por ser um projeto em construção, o metaverso ainda não faz parte do dia a dia das pessoas. Para entender melhor seu conceito, vale pensar no metaverso como um “mundo persistente”. “Universos que continuarão acontecendo mesmo quando seus usuários não estiverem conectados a eles”, define Thiago Dias, presidente sênior de Fintechs, Enablers e Crypto da Mastercard LATAM.
“Ele replica o mundo físico no ambiente digital”, diz Duda Davidovic, superintendente de Inovação da Elo. “Jogos baseados em simulação interativa dão uma ideia do que significa construir um avatar e ‘viver’ a partir dele, com a ajuda da realidade virtual e da realidade aumentada.”
Mas como o metaverso vai muito além dos jogos e promete permear diversos outros aspectos da vida humana, dos relacionamentos ao consumo, a Panorama Abecs convidou Duda Davidovic e Thiago Dias para entender melhor essa nova camada da realidade – e, principalmente, que oportunidades ela guarda para os meios eletrônicos de pagamento.
Consumo e pagamento no metaverso
“Tudo o que a gente vê hoje no mundo físico vai ser disponibilizado e transacionado no mundo digital”, diz Dias. Diversas marcas já começam a tokenizar seus produtos e serviços (ou seja, transformá-los em ativos digitais) e comercializá-los em uma experiência 100% virtual e imersiva. São transações que ainda guardam uma relação com o mundo físico. “Mas abre-se também a oportunidade de comercialização de novas funcionalidades, que só existem ali dentro daquele universo”, diz o executivo.
Garantir que a experiência de compra no metaverso seja fluida e segura, como é no varejo físico e no e-commerce, é um dos desafios mais importantes para as empresas de pagamento hoje, na visão de Davidovic. Até porque os processos de compra e venda nessas realidades digitais ainda são muito complexos. “A começar pela interoperabilidade entre as diferentes criptomoedas e carteiras digitais dos diversos metaversos”, afirma.
Oportunidades para empresas do setor
Segurança, autenticação e tokenização são requisitos básicos para se navegar não só no metaverso, mas na economia digital como um todo. Esses ativos são, na opinião dos executivos ouvidos para esta matéria, matérias-primas do trabalho de empresas de tecnologia de pagamento. E estão em constante evolução, “olhando para os novos fluxos de transações de ponta a ponta, para prover boa experiência ao consumidor e as conveniências que já temos nos pagamentos”, afirma Davidovic.
Além de uma infraestrutura robusta, que garanta interoperabilidade, programabilidade, segurança e a definição de padrões, as empresas de meios eletrônicos de pagamento miram, também, em dar uso aos ativos digitais dos usuários, conectando saldos em criptomoedas a saldos em um cartão. “No metaverso, meu avatar está associado a uma credencial de pagamento, e todas as tecnologias no mercado se aplicam a ela, como por exemplo autenticação por 3DS 2.0 e uso do débito para pagamentos online sem senha, com os padrões de indústria já estabelecidos”, completa Dias.
O metaverso representa um potencial expressivo de lucro para vários setores. De acordo com um estudo conduzido pela Gartner, Inc. em 2026 cerca de 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora do dia no metaverso envolvidas em atividades diversas – trabalhando, estudando, se entretendo e fazendo compras.
Segurança
“Se uma fraude acontece no metaverso, é possível ‘puxar o fio’ até descobrir todas as informações daquela transação, que é totalmente rastreável”, conta Davidovic. Isso porque o blockchain está nos fundamentos do metaverso. Mas a executiva afirma que as empresas de tecnologia de pagamento têm capacidade de oferecer ainda mais transparência e segurança às transações, levando para o metaverso estratégias consolidadas na indústria, como o exame cauteloso da identidade do cliente e de cada pagamento realizado.
Além disso, tecnologias como o protocolo 3DS 2.0, a tokenização da credencial de pagamento, fundamentais para a prevenção a fraudes no comércio eletrônico, devem seguir evoluindo em direção às experiências imersivas de consumo.
E outras camadas de segurança, como a biometria passiva e a leitura de dados comportamentais, somam-se a essas tecnologias, explica Dias. “Muitos standards de indústria que vêm sendo construídos por décadas serão levados, adaptados e reconstruídos no digital. Esse é um papel importante das empresas de meios eletrônicos de pagamento na garantia de segurança das transações no metaverso”, diz ele.
No palco do 16° Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento, em março/2023, a então diretora de Negócios da Meta, Duda Bastos, tratou como fundamental a contribuição das empresas de meios eletrônicos de pagamento na construção do metaverso. “O metaverso vai representar uma oportunidade sem precedentes, que equivale ao surgimento da internet; por isso estamos olhando para ele agora. É preciso entender como funciona a experiência de pagamento dentro de um universo tão imersivo e tão fluido, do ponto de vista do consumidor, para que isso de fato seja monetizável”, disse Bastos.
Para assistir ao painel “Metaverso e o futuro da experiência de pagamento na nova ‘realidade digital’” no 16o CMEP, clique aqui.
Por Panorama